Aqui traduzo (livremente) dois versos sobre a Lua, que contribuem para que compreendamos sua importância e simbologia.
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सर्वजीवनिकायस्य प्राणो जीवः स एव हि | ८.१६.२१
sarvajīvanikāyasya prāṇo jīvaḥ sa eva hi | 8.16.21
“Ele* é o alento e a vida da totalidade plena dos seres vivos.”
*candra (Lua), em sânscrito é um planeta/ser masculino, tanto na esfera simbólica como gramatical.
मनोमयोऽप्यन्नमयोऽमृतधामा सुधाकरः | ८.१६.२३
manomayo’apy annamayo’mṛtadhāmā sudhākaraḥ | 8.16.23
“É o [corpo] mental e também o [corpo] orgânico, é a sede e a fonte do néctar da imortalidade.”
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Os versos foram extraídos de um capítulo do Devībhāgavatapurāṇa que trata do movimento dos planetas, e falam especificamente da Lua-cheia.
Mostram para nós como a vida e a Lua estão intimamente associados e identificados. Se, na descrição do corpo no Haṭha-yoga, a Lua está associada ao princípio de nutrição, aqui ela é a própria essência da vida. Está implícita aí, nessa identidade básica entre a atividade vital e a Lua, a percepção de que todas as suas modificações possuem uma sincronia orgânica (annamaya) e mental (manomaya) com os seres vivos.
Tenho a Lua no meu nome e sempre observo suas fases e como elas se ligam com a nossa vida. Por observar, posso dizer que isso acontece mesmo. Obrigada por permitir que a sabedoria antiga chegue ao mundo moderno, pois este tem uma falta muito grande dessa alma observadora que os hindus trazem ainda hoje em dia.
Chandra é masculino?
Mas então ela representa mesmo o lado esquerdo feminino, como dizem?
Olá, Sati, é isso mesmo, Candra, Soma, Indu, entre outros nomes que designam a Lua, remetem a uma simbologia masculina. Quando se fala no lado esquerdo como sendo feminino não é em função da Lua, mas devido a questões culturais/rituais que associam o direito ao masculino e o esquerdo ao feminino. Pode observar que, nas imagens do Ardhanarishvara, a “divindade metade homem e metade mulher”, masculino e feminino estão do lado direito e esquerdo respectivamente. Coincidentemente, utilizei a imagem do deus-homem-mulher no post sobre Anupāya – dê uma olhada. Obrigado pela visita! Shantih!